Educadora emocional e referência em práticas devocionais no Brasil, Max Tovar compartilha sua conexão com Krishna Das e revela o significado profundo de apadrinhar a vinda do artista ao país após uma década
A cada mantra entoado, uma vibração diferente se espalhava pela plateia. Em São Paulo, Curitiba e agora no Rio de Janeiro, o público brasileiro está vivendo uma rara experiência: a turnê “Peace Of My Heart”, com o músico e ícone espiritual Krishna Das, de volta ao Brasil após 10 anos.

Convidada a ser a madrinha brasileira da turnê, ela descreve esse papel como um gesto de acolhimento espiritual. “É como receber alguém na sua casa e dizer: ‘seja bem-vindo, traga sua bênção, traga sua medicina’. Isso é devoção, e isso é também espiritualidade viva”, afirma.

Max esteve na India em 2023 para comemorar e ritualizar seu próprio aniversário, quando presenciou pela primeira vez o show do Krishna Das.
“Eu já usava os mantras dele nos meus trabalhos há muitos anos. Mas estar com ele presencialmente foi diferente. Ele participou de um ritual devocional que eu conduzi, e ali nasceu uma troca. Até então, só eu o observava. A partir daquele momento, ele também passou a me ver”, conta.

Essa troca espiritual resultou no convite inesperado, mas profundamente significativo, para ser a madrinha da turnê brasileira do artista. A oficialização veio por intermédio de uma amiga e, como descreve Max, foi recebida como “uma honra”. No evento em São Paulo, ela participou da abertura da apresentação e sentiu a força coletiva do momento.

“Estava no camarote, de frente para o palco. Vi pessoas dançando, chorando, vibrando. A energia era de paz no coração. Era a força da devoção se manifestando”, relembra.
Krishna Das, cujo nome de batismo é Jeffrey Kagel, tem uma trajetória marcada pela dor, pelo renascimento e pela entrega ao caminho do Bhakti Yoga, o yoga da devoção. Nos anos 1960, ele trocou o universo do rock pela busca espiritual com Neem Karoli Baba, guru que também inspirou Ram Dass, outro ícone da contracultura espiritual.

Desde então, sua missão tem sido levar os kirtans (cânticos devocionais) ao maior número de pessoas possível, espalhando uma energia de cura, autoconhecimento e amor universal.
Para Max, o impacto da presença dele no Brasil ultrapassa os palcos. “A energia devocional do Krishna Das dialoga com o Brasil porque somos um país de fé. E fé é um tipo de entrega que nasce do coração. Ele desperta algo que já existe aqui: a abertura para o sagrado. E isso pode transformar muita coisa”, afirma.

Segundo ela, a turnê tem o potencial de gerar uma “energia de esperança”, capaz de tocar aqueles que estão adoecidos pelo egoísmo, pela solidão, pela desconexão. “A música devocional é uma lembrança de quem somos. Ela chama de volta o divino dentro de nós.”
No papel de madrinha espiritual da turnê, Max se coloca como uma ponte. “É uma forma de sustentar esse campo vibracional. Eu oro, abençoo, conduzo energia para que a presença dele gere frutos. Porque o que ele representa comunga com o que eu acredito: o encontro do ser com sua essência divina.”

E é nesse ponto que a jornada de Krishna Das e a missão de Max se entrelaçam: ambos falam da alma, ambos cantam para o coração, um com os mantras, a outra com sua escuta, sua presença, seus rituais e sua força ancestral.
A turnê de Krishna Das termina com uma apresentação no Rio de Janeiro, no dia 10 de julho, e um workshop no dia 13, encerrando a passagem do artista pelo país. Mas para Max Tovar, a semente foi lançada e o Brasil agora vibra em outra frequência.